segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Manhã de chumbo...


 caspar david friedrich

Hoje, o céu é pesado e cinzento.
Num silêncio ausente
o ar quieto não consente aves
a enlaçar trinados, voos 
 sequer gemidos.
O brilho do sol
não aquece a alma.
E a baça claridade da manhã dormente
Convida a preguiçar.

S. G.

domingo, 30 de dezembro de 2012

Triste...


Fico triste
Quando te sei triste
Zangada comigo
Por não poder valer-te.

23.09.2012

sábado, 29 de dezembro de 2012

Tendresse infinie...


Espero-te naquele banco de jardim onde nunca nos sentámos...
Onde nunca te sentarias comigo por considerares ridículo conversarmos. Como nunca conversámos porque sempre o fizeste optando pelo silêncio...
Quando conversámos ao longo do tempo sem ruído - à excepção das belas melodias que ias enviando para mitigar um pouco a minha solidão e te tornaram ainda mais presente - povoaste o ar de doces carícias, ou de violentos acessos de paixão, que combati por sistema por me parecerem exagerados, teatrais.
E há certo tipo de exageros que sou bem capaz de suportar, mas só na mais estrita intimidade.
Aquele banco de jardim, onde nunca nos sentámos, é discreto e seguro.
Sentei-me nele sozinha a contemplar-te na distância, na placidez da ternura infinita que, não me perguntes porquê,porque não sei, sempre me despertaste.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Espasmo...


Faz-se sempre dentro de mim
um espasmo de dor
ténue talvez
levemente sentida
escravo de amor
eco vago de um carinho...
certeza que se faz devagarinho
em momentos insones 
de estranha prostração.
E sinto na orla do tempo
a própria solidão...

Ontem passei e tu não estavas.
Deixei no ar da noite
gestos breves de ternura
entumescidos do calor do verão...
Calma, recolhi da noite 
ao meu serão.

(Esvazio-me por dentro 
feita mágoa
da liquescência da dor
que me arrasou).

07.23.2012/ S.G.




sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Des...encontros...


tantas as  vezes em que chego
e já te não encontro

sinto  mergulhar a alma na noite 
envolta em solidão...

e o escuro dói demais 
como um agudo pranto...
...em hora de aflição.

28.10.2012

sábado, 3 de novembro de 2012

Folhas esquecidas...


Folhas caem com os ventos do outono 
do  velho roble
 no outro lado da rua.

Jazem esparzidas 
 como lágrimas esquecidas
que atapetam o chão.

 Enfrentam a crueldade do inverno
misturadas num pó de exaustão.

Ao rasgar da neblina da manhã
os troncos torcidos e revoltos
 rogam a dádiva de um perdão
 numa prece 
ao vento que a não merece...

Há um tempo que não esquece...
Apenas... apenas porque não.

S.G.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Tempestade...


Libertei a dor pelos espaços
Algemei o amor dentro de mim...

... E naufraguei.

14.09.12

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Ontem...


Ontem... 
recordação doía
numa pauta branca
de notas de monotonia
  fechadas ao sol
num abraço de agonia
ritmadas pela dor e o cansaço.

Ontem...
o ar ressequido
sofria a temperatura.
A tarde não era amena
nem feliz
envolta de lonjura 
no soluço do olvido...

Ontem...
nem luz nem sombra
ou melodia
matizavam a raiz...

terça-feira, 14 de agosto de 2012

A chave,,,


Sempre tiveste contigo a chave prateada
 para abrir o cofre fechado da ternura
que a vida cruel ameaçara

E só me atribuíste a breve loucura
que não conhecera no passado...

Só não sabias.

Ao longo do caminho, chorou um coração nauseado.

domingo, 22 de julho de 2012

Afago...


Coloquei na tua a minha mão
E nesse leve afago
O sonho perpassou com lassidão
Para se perder na mira de outros mundos

Restaram sulcos de erosão
Em sorrisos sem cor meditabundos

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Segredos de amar...


Enrolada sobre mim 
desisto de espiar a vida
Falta tempo ao tempo, falta vida
num deslaçar de mágoas
em cadência sentida
E a doçura cruel do abraço
se não mentida
traz consigo o encanto
ao vago anoitecer

Tudo esqueço na noite
menos a sombra etérea
 da alma que me tocou
estranha e esquiva
e me abandonou
na despedida... 

e nunca mais me buscou.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Folha exangue ...


Estás... não estando
E dei-me ao amor...sempre

Revi-me naquela folha imersa...
porém em sangue...
fogo oculto... ainda.

não era eu...era a imagem de mim
a apodrecer exangue
num leito de limos musguentos
onde fora feliz ...só não sabia

- que fora feliz ...um dia.

15.05.2011

domingo, 8 de julho de 2012

Crescer perfeitamente...


Crescer sob a luz de um amor sem vida
 quase sem olor
foi a triste realidade de alguém triste
Para aquém da cor e forma
 faltou-lhe alma
e arrastou consigo, incerta e calma, 
a dolorosa dor...

02-10.04.2009

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Pára, escuta e vê...


Escuta...  vê o teu coração
onde cai todo e qualquer beijo
 de carinho 
sempre enviado a pensar em ti

Sem ti não há gota de água
ou soluço de fogo
nos meus olhos cegos
e a minha alma não ouve a música do anoitecer
nem sente desejo quando amanhece o dia
ou êxtase plasmado em paixão sentida
transformando a vida em sopro ardente
em meio à placidez das coisas costumadas

03.07.2011





sexta-feira, 29 de junho de 2012

"Rejas"...


ó vento, chamaste-me e eu não fui contigo 
e como gostava de ter ido
 presa que fiquei ao som da voz do meu amor 
porque temia que se sentisse sozinho
como eu sempre fui

leva-me então  lá para onde fores
apoiada nas tuas asas de condor
para avistar do alto a luz do meu amor
sem a qual não consigo viver
cuja presença desejo
em todo e qualquer resplendor
do sol quando doira a madrugada
a quem sonho abraçar, beijar, acariciar
fundir-me com ele num sopro de flor

leva-me no dorso de uma nuvem  até o meu amor
que não quero que se sinta tão sozinho
mesmo que a seu lado chore sempre baixinho
para lavar-lhe as dores do anoitecer

Fev.2011

sábado, 23 de junho de 2012

Frieza...


Quantas vezes sinceridade se confunde com frieza
Quantas vezes o coração inquieto se habitua
à saudade e à falta de calor
Quantas vezes é quase crueldade
o ignorar da calma verdade
de um gesto de amor

O sol dá vida e doira as folhas no outono
  e chamusca as rosas que ama
e o procuram
 na insensatez das coisas cobiçadas 
mais que amadas...


É a beleza estival de fulgência ardente
que derrama sobre a planície densa e quente
o leve resquício da paz universal.


terça-feira, 15 de maio de 2012

Não sabes...


Tu não sabes, porque eu não te disse,
que te espero sempre
Que atravesses a ponte para me encontrar
aqui, do lado de cá do tempo,
do lado de cá do mar
Que combatas a minha progressiva vontade
 de me ensimesmar
e a minha proverbial fraqueza de ser tímido
e cheio de vergonhas
mas nunca por te amar
Tento às cegas respeitar o teu sentir
e quantas vezes me feriu o teu riso fácil
ou a tua habitual mordacidade
que tanto se inspira na realidade
E também sei que te quero
num todo indecifrável e de contorno eterno
e por isso sempre te espero na volta do caminho
nem que seja para te sorrir com carinho
nem que seja só p'ra te dizer: olá!
 Em mim são mera aparência frieza ou lassidão
 porque se tenho um sonho
será  o de voltar a encontrar-te algures
...numa longínqua imensidão.
Já fui de arroubos e ansiedades 
mimos,  e infantil exaltação...
Ao contacto com essa tua fria razão
 tudo isso mataste em mim,
tudo deitaste ao chão...
Hoje sou quase cadáver... na emoção.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Força crepuscular...


Na madrugada vagamente fria
a força do vento tem a força do mar
de marés vivas de escarpadas ondas
anteontem enoveladas ao luar...
Cordas de vento batem na vidraça
e eu sinto-me vazia e sem fervor
e calo mansamente os meus sentidos
ao ouvir  das rajadas o estertor...
Limpo-os da dor, da espera, da aflição,
evitando tão só lamentos e gemidos
decerto sepultados entre o rumor
 indiferente, que é, à silenciosa dor
que castiga sem trégua os mal-nascidos.

15.05.2011

sábado, 31 de março de 2012

Integridade...


No amor
No silêncio
Na dor
Eu dou-me inteira
Como se fora única
Efémera
E derradeira
A hora.

Se num lamento maior
Visitar 
Os arredores da dor
É ainda de amor
Um gesto...
Que esquecimento
Ou desespero molesto
É algo bem pior.


segunda-feira, 26 de março de 2012

Detalhes...


As coisas simples da vida
não são detalhes:
são a sua essência

Teorias e fantasmas
podem ser razão
ou imaginação...
mas há flores com olhos
que fitam o sol
sem cegarem...
São inocência
São gratidão.

domingo, 25 de março de 2012

Não é tempo de rosas...


Não é tempo de rosas
nem vai alta a Primavera

Lembranças impiedosas 
perdem vontade de viver
como quimera a esmorecer

Eram formosas




Armadura...


Corpo fechado no silêncio da hora
Bruma eriçada do mais cruel horror
Espírito açaimado por incontrolada dor
Foi visão de massacre isenta de amor...

Calo o sensabor do momento vazio
Onde nada mais cabe que a tortura
E arrastarei na triste sepultura
Lamentos de melancolia e amargura
Para sempre enlaçados no meu corpo frio. 

sexta-feira, 23 de março de 2012

Anjo...


Não sou anjo...
 mas se tivesse asas
 embrulhava-te nelas
se estremecesses de frio
e procuraria libertar-te
da tristeza
 subindo contigo
em busca do arco-íris

E se fosses tu o meu anjo...
velaria pela tua paz
com muito carinho
e com a ternura dos meus gestos
ajeitava a tua almofada
para que descansasses
 a alma inquieta e sofredora
na palma da minha mão 
antes tão vazia...
Mas não sou anjo amor
não sou anjo, não...

 25.04.10

quinta-feira, 22 de março de 2012

Quem sabe...


Quem sabe se tudo o que passei
as boas e más experiências
todos aqueles sonhos feitos de ânsia
que nunca encontraram eco
e ainda menos substância
e se foram perdendo
 ao longo do caminho
numa busca de beleza e harmonia...
não foram necessários à minha' alma
e ao meu corpo castigado
para te reconhecer, admirar e amar

Quem sabe amor
Quem sabe porque as rosas têm cor
 e as muito belas espinhos
mas rescendem perfume...
Quem sabe porque as amo tanto
que lhes toco amiúde
e me deixam a pele em sangue
que cai sobre o branco da alma
e o empedrado do chão...
E, apesar disso, confio nelas,
rendida à forma, às belas cores
e até à sua inconsciente crueldade...
 e quedo enternecida
perante o perene mistério
que é a vida...

Se as rego, abro-me em ondas
de intenso afecto
a cada momento do dia
E se as não vejo
entro em agonia

Quem sabe amor quem sabe
porque ínvios caminhos caminhámos
até nos atrairmos 
nessas pouco ortodoxas estradas,
 tão modernas
onde cada um deu o seu melhor
tentando mascarar a solidão
tudo fundido na sem razão
da confiança, como fio ténue
que em mim de ti nunca causou temor...

Quem sabe o porquê amor.

03.07.2010

domingo, 18 de março de 2012

Uma bola branca...


Uma bola branca
Uma flor de cores
Uma bola preta
Uma bola às flores...

Prefiro botões transparentes
iridiscentes
feitos de sabão
feitos ilusões...
mais belos
envolventes
emolientes
carentes
do meu sopro de fé
da minha paixão
da minha emoção
que os vê pendentes
no ar rarefeito
a caminho do éter
e longe da confusão.

Fragilizados 
alguns deixam-se vencer
por forças adversas
que tentam roubar-lhes
a fé e a canção...
Só o amor que te tive
e tenho...
esse, não.

sábado, 17 de março de 2012

Suave...




Suave é imaginar 
teus passos leves
sobre a alfombra do silêncio
espesso e massacrante
que alguém teceu 
sobre a lonjura do ser...
Suave é adormecer
com a lembrança
e aceitação
da aparente bonança
de viver.


Se fechar os olhos
evoco a tua sombra
e sou quase feliz
ao parecer-me vislumbrar
o poder magnético do teu sonho
E ao imaginar-te
 risonho...
sei porque vivi.

27.04.2011





sexta-feira, 16 de março de 2012


Enquanto sofrer 
esta ansiedade
sei que foi verdade
todo o amor vivido

Triste foi sentir
a crueldade
triste foi sentir
tanta saudade
por um mal sofrido

quarta-feira, 14 de março de 2012

Insónia?...


Não receio as noites de insónia
porque sempre as passo a teu lado...
Sentir o cansaço
é um cansaço bom.
E quando o sofrimento ou ânsia
são cinzentos
e não houve sol
nem azul de céu
nem nada, nada, nada
que console a dor,
basta enovelar o corpo 
na sombra do teu...
e o desencanto passa, amor,
como um milagre.

01.02.11

terça-feira, 13 de março de 2012

Metáforas...


Ninguém conhece ninguém...
Não, a vida nunca é tecida
 por metáforas
mas por mesquinhas realidades
que afligem o quotidiano
como a dor física que incomoda
e de que nem se sonha a causa
ou a chuva que molha o cabelo
a roupa que não enxuga
a viagem que se não fez
e a culpa aos acasos
ou o não ter a certeza
que alguém realmente nos espera
do outro lado da mesa...
Não. A a vida ri-se das metáforas
e do amor em versos inspirados pela lua
e nega mensagens que apelam ao sonho...
Amar alguém é um sonho
e ser amado um milagre.
Até a noção de felicidade
é feita de coisitas simples
como cuidar, abraçar, beijar,
preocupar-se com a saúde,
deitar, comer...viver,quebrar rotinas 
inventar surpresas...
Nunca se pensou que metáfora
fosse moeda de troca
ou gozasse de especial validade...
Tanta gente se amou realmente
sem nunca precisar fazer um verso...
ou sequer receber de presente
uma simples flor!...

20.01.2011

domingo, 11 de março de 2012

União...


Uno-me a ti no tempo e na distância
e sei que o sentes
E nunca choro se recordo os momentos
em que te amei inteira 
lamentando os que passei longe de ti
perguntando-me porque não me querias
e porque te fora assim indiferente
Então chorava com pena de mim
e sentia revolta pela atracção terna
que por ti sentira
e que despertara sem querer
ao simples som da tua voz alegre
Honesta directa não o escondi
e sei que não me acreditaste então

Duvidei tanto de mim tanto
cultuando-te enquanto ser humano
tudo por instinto
sem perceber porquê...
E como sofria
na humildade de me saber sem préstimo

Então procurei-te a alma inquieta
e perscrutei o silêncio e a solidão
das noites insones
e das madrugadas frias

Num dia que nasceu radioso e terno
senti que algo nascera para mim...


Para quê esconder?

04.02.12

sábado, 10 de março de 2012

Ao cair da noite...


Descido o estore sobre o dealbar da noite
fechou ao olhar o cinza-azul do céu
sem determinação, apenas porque tinha que ser
e sem a crueza dos que fecham ciclos
porque não sabia fechar ciclos
nem queria
 era o devir que devia encarregar-se deles
 esperava que acontecessem
 para não ferir demais a vida

Não evitava as lágrimas frias
nem tão pouco o sofrimento

No escuro, tocou com os olhos
a doçura dessa cor azulmente vítrea e fria...
e lembrou-o mais ainda

quinta-feira, 8 de março de 2012

Afastamento...


Afasto-me
na distância de mim
na minha busca
onde a história dos dias
parou...
por inventada.

09.o2.2011

quarta-feira, 7 de março de 2012

Fui...parti...


Fui...
Morria gente só todos os dias
e eu temia a tua solidão.
E esse medo falou mais alto que tudo
e decidido o impensável noutra altura:
projectar a minha sem ventura
cuidando de alguém que me importava.
Reuni coragem com receios
e parti para te encontrar.
Porém, só vi portas cerradas
onde o sol batia a escâncaras
e senti frio, muito frio...
porque eu não queria nada
não esperava nada
- se quis sempre tão pouco !...-
Sabia que de mim nunca precisaras
se me desejavas, logo me excluías,
e vertias sensações
 e emoções reinventadas
criando do nada muitas e belas páginas
numa labuta sem nome, numa canseira,
numa estrénue ânsia de viver
e deixar traços...

Só a crueldade doeu.

22.04.11


segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Cansativamente...


Foste luz sol calor
na minha vida
Foste doçura encanto
também silêncio e pranto...
ao esmagar a ternura
que prevaleceu
e fez manar água dos meus olhos
a engrossar o mar da solidão
Vagas clamorosas de revolta
 como relâmpagos
 estrebucham ainda pelo chão
Conheci o céu e o inferno
carente dos teus braços
tornados depois vagos cansaços
de suprema lassidão

Como mais uma rosa vermelha
ostentaste-me na botoeira
daquele casaco coçado que não usas

Foste um espinho cravado em minha carne
derramando sangue e dor pela noite inteira

Se ternura e encanto andam a par
são aliadas da confiança verdadeira
e fundem-se como ouro de lei no fogo da fogueira
como tesouros roubados à fúria  justiceira
 que o desgosto fez rei

Não te admires pois do que inconsciente cultivaste
fosse por doença, cálculo ou interesse vão
ao cumplicentemente teres roubado a ilusão
e a teres plantado indefesa num pobre coração
rendido e apaixonado
que apenas quis o que então negaste
embora te orgulheasses de ser campeão...
 amizade.

A ela me propus ao dar o peito às balas
a a ela faltaste com o dever da lealdade
escamoteando a verdade
...Fingi não perceber
ostentando uma reacção longínqua e fria
nesse mar repleto de máscaras e perfis
que percebi manobravas como um jogo de xadrez...
E tudo isso afinal - confesso:
só mal me fez.
E a ti...não aproveitou.
Num jogo mesquinho
que por fim cansou.

10.06.2011

domingo, 29 de janeiro de 2012

Ao passar do momento


Hoje
um sol de inverno
luminoso e gélido
penetrou radiante
no sarcófago rosado
do aposento em que repouso
e às vezes sonho

Fora
um vento agreste tremula
as folhas duras 
do azevinho esmaltado
de pingentes rubros
onde pingos de alegria moram

Bom dia! 
apetece gritar-te
e enviar um beijo doce e quente
na ponta dos dedos alongados

Uma mancha indelével de ternura
permanece presa nos meus lábios cerrados
carícia alada e dolente
gelada da ventura
de momentos passados

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Segredos...


Não tive, não guardo escaninhos secretos
que se comparem a essa necessidade e urgência
de te mascarares, brincares, venceres ao convencer...
É assim que às vezes te pressinto como um estranho
apesar do elo de atracção que me uniu a ti
ainda hoje, e até certo ponto, inexplicável para mim
Tudo o resto pressinto que me escapou...
Como um sentimento?...
Uma  vaga presença?...

Mesmo lutando contra essa atracção vigorosa e doce
ela  assim se conservou
 nunca me deixou
ora intensa, ora dolorida 
e,tanta vez, ternurenta, preocupada ...

15.01.2012

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Obrigada...


Obrigada amor
porque me mimas com lindos sons e cores e formas
em pedacinhos formosos do que de melhor há em ti
oriundo do cerne da tua afectividade
e talento
em momentos de sonho
moldados por ternura infinda
Obrigada pela luz que irradias
e me preenche os dias
e por seres a coisa mais linda
que para mim na vida aconteceu...
Obrigada sempre ficará
quem não te mereceu...
Obrigada amor obrigada!

21.01.2012

domingo, 22 de janeiro de 2012

Algures...


Sempre soube que algures devias existir para mim
nesse saber  inconsciente a que se chama pressentir

E foram tão estranhos os caminhos em que te alcancei...

Só sei que tinha de te encontrar algures
não só para te amar
como para que ficasse completa a minha vida:
 precisava de te encontrar
para aprender que a dor mais desmedida
só faz sentido através do amor
o teu
 que me tocou numa inquietante
 simbiose colorida
de alegria,
prazer
fulgor e fantasia
 me venceu...
e me deixou cativa.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Horizonte


A cada dia que passa
 sinto vestir-me de frio
como se ir vivendo
 se tornasse a viração matinal
dum inverno saudoso e imenso 
vazio de ti...

  Preparo-me assim tranquila
vagamente consciente
para iniciar o lento aprendizado
 de continuar  a amar-te
numa outra e longínqua dimensão.

Não sei nunca qual
só sei que existe.

19.01.2012