segunda-feira, 22 de dezembro de 2014
sexta-feira, 7 de novembro de 2014
Reconhecer a Dor...
Deparo-me com a Dor
No dia ou na noite
Se silencia o grito...
E só faço sofrer
Por não poder embalá-la
Nos meus braços inúteis;
Com mãos enfraquecidas
Acariciá-la;
E amá-la mais e mais
Por senti-la em mim.
Sempre a reconheço
P'la multiplicidade de expressões
Desgarradas ou estranhas
Em vidas torturadas...
Fica a sofrer ou a chorar
Dentro de mim
Sem conhecer descanso...
E só a noite a embala
No tépido remanso
De um doce rocio de luar.
domingo, 2 de novembro de 2014
quarta-feira, 9 de julho de 2014
Onde? Quando? Como?...
Nunca sei onde estás. Nunca soube.
Ou com quem.
Conheço-te um pouca a alma
E pouco mais.
Pouco sei ou soube sempre de ti.
Contudo amei-te até ao exagero
Como o sonho que sempre se adia
Por se saber irreal.
Anos decorreram...
De menina apaixonada passei
A mulher amargurada e reticente.
Sem me importar?...Não, sofrendo.
Contudo a tua presença em mim
Resistiu e resiste segura.
Os dias correram, sucedem-se
E nada apaga a ternura...
Assim sendo,
Não sei que poderás querer mais de mim,
teimosa criatura!
Rosa Xavier
domingo, 6 de julho de 2014
Metamorfose...
mal saída do casulo
a borboleta dança de alegria
num hino à vida,
num hino ao amor
de que em breve fará o luto.
não lembrada que rastejou, engordou, conheceu o escuro
metamorfoseada em beleza, em leveza,
libera agora as asas macias no prazer do sol
no desejo de dar vida e cor a novas flores e amores.
e nesse céu brilhante e azul
onde as escassas e algodoadas nuvens
não aprenderam a chorar desilusões
e apenas são promessa remota de frescura
e doçura,
a borboleta volátil e tonta
agarra o momento
saciando o prazer enamorado
de sugar o néctar da mais bela flor.
o amanhã? não existe.
filosofar, pensar, pesar, angustiar...
é um fado triste
que não lhe adianta cantar.
domingo, 1 de junho de 2014
terça-feira, 15 de abril de 2014
sexta-feira, 28 de março de 2014
Águas que correm...
corres dentro de mim
ora em regato borbulhante de água pura
ora como veneno de dúvidas e segredos
e se
em tempos de prosa - razão
a dor existe mais aguda
e é mais cruel ainda
ouve-se um choro silencioso de lágrimas
frias
sentidas
ou de um pranto sem lágrimas
de si esquecidas
humidade seca
que escorre de paredes exangues
de angústia e silêncio
fantasmas alvacentos do passado
convivem com o hoje e agigantam-se
resultado de densos véus
que as minhas mãos foram tecendo
e perdendo
ao longo dum tempo calado e frio
contra um fundo vagamente musical
de silêncio e solidão.
Manuel Maria
quarta-feira, 26 de março de 2014
Voz do vento...
Havia vento...
O ar embalsamado das fragâncias do alecrim
trazia em tropel recordações de formas,
de sons... de iridicências
na voz louca e primaveril do vento forte,
na brevidade morna da tarde que caía ...
no sol de ocaso que ainda abraçava o dia
ou na chuva da véspera que molhara o chão,
ou na macieza do leito
em que descansara os ossos macerados da labuta do dia.
Era aí que caía nos meus braços a reconhecida ternura
que ficara comigo.
E aí perdura.
***
Aqui vacilo... nunca sei o que fazer.
Diz-me, se sabes:
- Que fazer de tanto amor-ternura
congelado pelo tempo em recordações?
Myrna
quarta-feira, 19 de março de 2014
domingo, 9 de março de 2014
Desesperança...
[ 16.06.89, pelas 11:45 ]
«Vindo a caminho da escola, senti , num frémito repentino, que os jovens me pegaram a sua doença espiritual: a falta de esperança.
Não a sentem e é a razão pela qual vivem apenas o momento que passa querendo agarrar o instante. Eu limito-me, desesperançada, a deixá-lo passar.
Porém é esta doença profunda que me rói como um velho cancro.
Fazer obra? Para quê?
Projectar um futuro? Que futuro?
É a voz do desespero a falar.
Perdi as minhas muitas certezas.
Hoje ... não tenho certeza de nada.
Einstein e a sua teoria do relativo revolucionou o modo de pensar o mundo, mas penso que o tornou bem mais infeliz...
...Que raio de vida!»
sexta-feira, 7 de março de 2014
domingo, 2 de março de 2014
Fazer coisas...
Para esquecer a vida
fiz coisas:
acariciei com mãos vazias
de interesses mesquinhos
flores, frutos, palpei dores
até aprender a ver no outro
o inimigo pronto ao ataque pelo prazer de atacar.
Assim perdida foi a inocência...
Fazer coisas nem foi tanto esquecer de viver
ou da vida não lembrar:
só foi esquecer de chorar.
Mara
sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014
Chuva...
Cai grossa a chuva
ora lenta
ora veloz
com os açoites do vento.
Fraca é a força de elevar o pensamento
e o fazer voar...
Jaz agarrado à terra
com as pétalas da rosa
que floriu sem primavera ...
Há um coração cheio de ruídos-
-retalhos chãos que aproveito
e me levam a pensar
assustadoramente
numa manta rota de dias por passar.
E nos ouvidos endurecidos pela angústia
sinto o som rouco da chuva a vibrar.
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014
segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014
Pasmado coração...
Mais um ano;
mais um mês;
uma nova semana;
um outro dia
me são concedidos
no meu percurso humano.
A cada hora,
a cada decisão,
escrevo a história desse percurso:
tem o peso do passado
e as limitações de uma personalidade magoada
pelas dores do corpo e do espírito.
Coisas e pessoas estão à minha volta:
rostos amigos e mãos desconhecidas
chegam até mim.
Pedir-me-ão um sorriso,
talvez ajuda,
um pouco do meu tempo,
um retalho breve da minha vida.
E a vida - o que é?
Que representa para eles, para mim?...
...Se há nela tanta dor,
tanto mistério?...
Preciso afugentar angústias
e abrir os olhos pasmados
como menino que olha
o imenso mar rolando sobre a areia
se brinca na praia...
Dele receia,
mas aprende a conhecer
o amor que o rodeia
se as mãos que o prendem
são suaves, leais e formosas
quando seguem seus passos ligeiros
ainda vacilantes,
com ternura ansiosa.
O menino guardará delas então
a mais bela imagem,
o mais belo perfume,
nos escaninhos secretos
do seu virgem coração.
Um menino pasmado...
era assim meu coração.
[Algures... - 2006]
terça-feira, 4 de fevereiro de 2014
Flor de amendoeira...
Houve tempo em que me queixei da vida...
por mal saber que havia flores.
Como amendoeira que floresce com os primeiros calores do ano que mal nasceu ,
um sopro de confiança faz com que floresçam de novo os desertos do coração.
Alentado por este sopro... desejará aliviar a dor e as duras provas sofridas.
Mas serão precisas abelhas...
[II.00.VI]
sexta-feira, 24 de janeiro de 2014
quinta-feira, 23 de janeiro de 2014
Alarme
Não a sentia perto
e o alarme soava...
Como estaria?
Que acontecera?
...Talvez doente?
Oh Deus! Ajudai-a, te peço!
Uma ansiedade desconhecida o tomava.
Sofria. Quase chorava.
Fazia sol ou chuva... que importava?
E o seu pobre coração só sossegava
se a sentia regressar
qual alma errando, irmanada
no sangue que abundante fluíra ..
no castigo de dar guarida
a incontroladas sensações...
Fora arrastado?...
Falava nele a natureza de fauno insaciável
sem admitir razões...
Sangraria.
Tão difícil era segurar emoções...
Pelaio Couceiro - XVII:X
segunda-feira, 20 de janeiro de 2014
sábado, 18 de janeiro de 2014
quinta-feira, 16 de janeiro de 2014
Apenas ser...
[21.11.2013]
Sou como sou... mais por opção
que consequência
Sei o que sinto
Sinto o que faço
Tenho sonhos vagos
feitos de fumo ou ilusão
Nada espero
Pouco ofereço
Pouco valho
Vou vivendo um dia após o outro
dando vida a coisas
a que empresto sentimentos
pensando outras
falando de nada
pouco...e mal
Porém, sentindo sempre e muito
ao observar a maravilha e o desencanto
dum mundo que se abisma
em renovação estranha
que me passa ao lado
e onde nem desejo colaborar
Derradeiro grito
antes de um acto extremo
perpetrado algures...
... ao sol-pôr.
quinta-feira, 2 de janeiro de 2014
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