quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Nas despedidas...


nas despedidas
há sempre um alguém que chora e sofre mais
com ou sem lágrimas vertidas
porque o toque de magia de um outro ser
originou emoções ensandecidas
carreadas em desejos de infinito 
num ruflar leve de asa de cetim...

depois a brisa sopra um subtil aroma 
engolido pela noite 
numa reminiscência vaga, muito vaga,
de esquecido jasmim

segunda-feira, 16 de março de 2015

Promessa (s)...



Decerto, amanhã, venha a falar contigo
Nesse desespero mudo de silêncios (es)forçados 
Em que ficam sempre a pairar verdades por dizer
Ou mentiras consentidas pelo tempo - anos estagnados
Como nenúfares boiando num lago parado, por contido.

Amanhã... trarei emoções de horas de saudade
Liquefeitas pelas chuvas de invernos rigorosos
Vividos ~ ou só vividos pela metade
Nesse pulsar de sensações nunca esquecido
Vagamente temperado pelo encanto do sonho
De um outrora não perecido
Nem pela dor, nem pelo desengano...

Virei amor... virei
Cambaleando por sobre  as folhas mortas
Que o último outono não pôde macerar,
Por não caídas,
E o inverno regelou, nem apodrecidas.

Voltarei - hei-de voltar.
Só ... que ainda não sei quando...
Tão difícil se tornou o confiar.


segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Clepsidra tombada


Tombou a clepsidra... Silenciou a dor.
 O encanto de viver estagnou sem pranto.
Primitivos, alheios de si, tombam desejos
Que já nem o vento faz ecoar nas frias noites
  Em que vomita horror.

Tombou a clepsidra... sem tombar a dor
Ciciando segredos de doçuras de amor
Nas rugas de um manto gelado de espanto 
No leito vazio da noite do encanto...
E a tarde despede os silêncios
De fins de dia dobrados a rigor
Em brancos lençóis  de linho
Rescendentes a alfazema e alvor...

Jaz aí a clepsidra tombada... Só resta o nada 
Dos dias esfarelados na monotonia:
Eventos com chuva e sol e neblinas
E lembranças... 
Asas de boninas 
A espairecer na fímbria do não ser.