domingo, 16 de julho de 2017

Praias com e sem gente...


Não sei se ainda há praias desertas
Onde aves selvagens fazem ninhos
Onde céu e mar se confundem ao sol-por
E o mar a marulhar soa mansinho.


 Não sei se há ainda areias brancas
Onde se pisa sem olhar o chão
Na certeza de afundar os nossos passos
Sem o perigo de encontrar poluição.



O que conheço hoje das praias ao calor 
É o enxame de multidões  em confusão
Corpos em chama temendo a combustão
E gritos e cerveja e ralhos em surdina. 



A praia não é já o sítio de eleição 
Onde se esperava que a maré subisse 
Para que corpo e alma em comunhão
Exorcizassem doenças e chatices.



...Sei que o fim da tarde chamava à oração
Quando sol e horizonte se beijavam 
Como amantes separados pelo verão 
E sequiosos um do outro se deitavam.

Guardava-se o silêncio e o respeito
Que a doçura do momento apetecia
E via-se o dia acabar do mesmo jeito
Com que cada um de nós adormecia.

***
Praias não são já locais do encanto 
Onde  paz e simpatia davam mãos 
 Só são ruído e cor que causa espanto 
E nos fazem desejar  ecos mais sãos.