domingo, 10 de dezembro de 2017

Tarte de morango...


serviu -te com o chá uma tarte de morangos: 
 grito de sereia 
para um deus desconhecido
sussurrando solidão e dor

qual borboleta atraída por rosa emurchecida
quase desfalecida sob os calores do verão 
atraiu um amor de ocasião
- só que não era então amor,
 mas sim loucura, 
desejo intenso e são de criatura 
 de há muito e sempre recusado 
como perigoso, desnecessário e vão

de longe morta para a vida
perscrutou-te a alma
e reacendeu a sua 
ao som  de um timbre vocal
em que a letra da canção tinha magia

brotou a paixão e o encantamento...
- como seria?...
- que mistério encobria?...

por fim, nada importava mais:
não conhecia os seus olhos,
apenas o que lhe chegara em melodia
e  tudo o resto, fosse o que fosse, era p'ra amar.



assim vai passando a vida
aquecida ao sabor do momento
até que o passamento
enterre na chaga do tempo 
a vontade imperecível de o sonhar.