sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Terra das brumas...


na terra das brumas 
onde enterrei anseios
paira a débil luz
da não-esperança

...vagalume inconsciente
num sentir vazio 
demente
de um inverno que chega
húmido e frio.

                                                                                                                                                                                              [19.11.012]

domingo, 22 de setembro de 2013

Magia de acordes...


ouvir dentro de mim magia de sinos
 dizerem mais do que algum dia acreditei
 símbolos em melodia  a cortar silêncios...
 faz estremecer
 a não crer

apenas sugestão 
de uma louca esperança
num ritual de oração...
 discreto tremular de encantamento.

Manuel Maria Avô


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Caminhar no tempo...


perdidos bússola e relógio 
pelo caminho de terra 
sangrenta ou amarelada  
que prendeu  pedras de calçada
batidas por passos anónimos
de inconscientes  pés
 que a pisaram...
restou  cheiro e sede
na poeira dos dias
e leves mágoas guardadas
chorando em surdina...
 e amadas

não há perdoar ou perdoada:
 perdida a bússola na calçada 
 só esquecer que houve sol no leito do rio
de uma única margem
onde soluços secos
foram destino
macerado pela vida.

                                                                                                                                                                                          [06.08.0139]

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Fragmentos...


ouvi palavras, li fragmentos...

 desde o início 
só sabia dar-me à luz 
e toda inteira

 constato apenas - não é acusação

folhas de outono esparsas pelo chão
nem sequer são vida derradeira





terça-feira, 17 de setembro de 2013

Imensidão...



O mar imenso não consente as folhas crestadas pelo sol de verão  
que falem de outono e de sonhos escondidos.

As marés não retêm vida apodrecida, nem a secura crestada de fogos antigos
 nas nervuras outrora eivadas de seiva.

O mar não consente memórias  de espumas rendadas 
que destrói sobre as areias alvacentas.

 E não escuta: sussurra ou brame violento.

Apenas guarda um sabor a sal de lágrimas vertidas.

Apenas.

[13.09.013] 

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Apontamento...


apontamentos de vida
ritos inocentes de criança
sonhos de menina
anseios de mulher...

anotações de um amor
que ninguém quer

[14.09.013]