sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Instintiva(mente)...


Às vezes há teorias que nos agradam tanto quanto detestamos a prática dos que dizem defendê-las.
E detestamos esses iluminados teóricos por causa do seu palavreado exaustivo que nos vence pelo cansaço ou pela indignação que, não raro, nos provocam.
Às vezes ... mal sabemos em que, ou quem acreditar por todo esse palavreado oco que nos oprime e, por instinto, rejeitamos. E não queremos. E nos forçamos.
Por instinto...desconfiamos.
Por instinto...confiamos.
Por instinto...deixámos de confiar.
Um palavreado monótono e sem elevação obriga a fugir a sete pés de miragens de iluminados que envergonham teorias que respeitamos.
 Forcejamos para que continuem a ser as nossas.
E para  não nos sermos estranhos ao lutar pela sobrevivência de tudo em que acreditámos, anulamo-nos, isolamo-nos.
Porque o difícil, afinal, é voltar a confiar. 

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Espelhos...

No espelho de águas paradas
estava o teu rosto
com a doçura dum sol de outono
e a melancolia de dias de névoa... 
Mas vi-te - era o teu reflexo em mim
e o meu 
 no tempo e ânsia 
de um caminho sem fim.

                                                                                                                                                               
[29.10.013]

domingo, 20 de outubro de 2013

Recanto na floresta...


[28.10.2012]
Naquele canto o sol despede-se do dia
que fere ainda  o olhar de quem o busca
Cria cortinas de poalha  luminosa
iridiscente
com olhos de velhice encantada
por viver
Mais um dia fecha a gaveta na penumbra outonal...
e é bonito de ver.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Roer a dor...


                                                                                                                          [31.08.2013]

Roendo a dor...
Não sei quem rói:
se eu a ela
se ela a mim.

                                                                                                               

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Afecto(os)...


Triste se torna a existência quando a solução derradeira do afecto
só se encontra numa criatura de espécie diferente como o cão.
 Ou na sombra da árvore no tempo da canícula.
Ou no sorriso da criança que passa.
Ou na beleza de uma flor.
É a expressão mais profunda do desespero.  
E tudo o mais - é nada.
[14.09.013]

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Milagres...


Está frio...
 A noite é manto em breu que não aquece.
Dá-me a tua mão...
 Aperta.
 Tenho medo.
As estrelas estão longe
E às vezes choram
E o seu olhar pisco não aquece.
Sinto o medo 
De atravessar o deserto
Onde o sol dardeja louco
E não aquece...
 Sem compaixão a noite 
Gela...
Dá-me a tua mão
E aperta devagarzinho 
Com a confiança de sonhar o impossível...
Apertando na tua a minha mão...
Milagres acontecem.

                                                            [05.19,012]