segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Clepsidra tombada


Tombou a clepsidra... Silenciou a dor.
 O encanto de viver estagnou sem pranto.
Primitivos, alheios de si, tombam desejos
Que já nem o vento faz ecoar nas frias noites
  Em que vomita horror.

Tombou a clepsidra... sem tombar a dor
Ciciando segredos de doçuras de amor
Nas rugas de um manto gelado de espanto 
No leito vazio da noite do encanto...
E a tarde despede os silêncios
De fins de dia dobrados a rigor
Em brancos lençóis  de linho
Rescendentes a alfazema e alvor...

Jaz aí a clepsidra tombada... Só resta o nada 
Dos dias esfarelados na monotonia:
Eventos com chuva e sol e neblinas
E lembranças... 
Asas de boninas 
A espairecer na fímbria do não ser.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Rosa de vida...


A rosa da vida incendiou tão de repente 
que o ar vibrou como sarça ardente...

Violou o silêncio  ... e o momento passou.


                                                            [2009.06.05] 

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Reconhecer a Dor...


Deparo-me com a Dor 
No dia ou na noite 
Se silencia o grito...
E só faço sofrer
Por não poder embalá-la
Nos meus braços inúteis;
 Com mãos enfraquecidas
Acariciá-la;
E amá-la mais e mais
Por senti-la em mim.

Sempre a reconheço 
P'la multiplicidade de expressões 
Desgarradas ou estranhas
Em vidas torturadas...
Fica  a sofrer ou a chorar 
Dentro de mim
Sem conhecer descanso...
E só  a noite a embala
No tépido remanso
De um doce rocio de luar.