sábado, 13 de julho de 2019

Em jeito de oração...

...Hoje, a lua era uma enorme calote brilhante num céu de um azul tão profundo que me angustiou, talvez porque a luz do sol agonizando tardasse a desaparecer. Atraía-me como forte íman e apetecia-me ficar ali parada, a namorá-la. Porém, fui impedida pela responsabilidade de vários afazeres... e resisti, não sem lhe comunicar mudamente que, mais tarde, numa conversa dum travesseiro inexistente, trocaríamos confidências...
Lua amiga, vela por aqueles que, ainda que o não confessem, sofrem toda a solidão do mundo. Sinto-me de mãos atadas, sem poder valer-lhes.
 Ofusca-lhes um pouco as consciências sofridas com a luz que o sol te empresta e que vivencias com garbo e serenidade, espraiando-a em noites de magia e encantamento, e segreda-lhes que há sempre alguém no mundo que os amou, ou ama, ainda que tenham também sido perseguidos ou injustiçados como cruéis ou indiferentes. 
Não os deixes serem vencidos pela doença e protege-os dos perigos dos seus corações desiludidos ou cansados, muitas vezes bem maiores em talentos e generosidade do que um universo.
E em jeito de pena de ave, leve e suave como teia de seda, adoça-lhes cada dia com toda a imensa ternura da mãe que a todos criou.
Depois... se te lembrares de mim, traz-me, num raio de luar, o ruído calmo do seu respirar tranquilo. Eu ficarei bem e sossegada.
 E quando fores uma bola de luz na imensidão do firmamento, recordarei que te devo a explosão e emoção do afecto que um dia me inspiraste a experiencar...
Boa noite, lua!