segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Sentir da madrugada


 Baixou fraca e fresca a fina madrugada 
Num enleio leve de névoa transparente
Em murmúrios de mágoa já passada 
E ténue estertor de sonho iridescente 

Num bocejo de cor lasciva e branca 
Surgem breves cicios em fina labareda 
Desse frio sol que desce como tranca
E traz a viuvez ao vaso que se quebra

Na brisa suave da manhã imaculada 
Na matinal sonolência adormecida 
Voam os sonhos breves da noite enluarada - 
 - Mesclados nos suspiros duma dor esquecida.


Myriam

sábado, 24 de setembro de 2022

In memoriam


Tantas coisas calei por timidez

que irão morrer comigo lentamente...

De umas com remorso, de outras 

na palidez de algo 

que se dissolveu em mim 

precocemente...

Não  vai valer a pena confessar 

 coisas mesquinhas 

que guardei .

Foram sempre,

e só, 

muito minhas;

não interessarão decerto  a mais ninguém-

Arrasta-as o vento  e a brisa 

ao  passarem, em rodopio, 

diluídas em lágrimas,

 esquecidas em sorrisos 

pelo tempo concedidos,

   levadas que são 

na voragem de extenso e largo rio.

Ide ! - na vertigem da pouca vida 

que me resta.

Nada valeis como partilha do que deixo -

- pobre capital de emoções sentidas.

Largai-me no sossego da didtância 

e na serenidade de um silêncio 

a que me habituei ,

numa rotina contrafeita, 

ou revoltada,

do que não mereci 

e suportei. 

               Myriam