sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

«Nojo»...

Sofro.
Não conhece nome o sofrimento.
«Nojo»... não é a palavra exacta para definir o que sinto.
Serás sempre o único ser a quem um dia disse: amo-te! 
E nunca o reneguei. Lembras? E ainda bem que o disse - 
 - por ser verdade, no momento, e não o ter voltado a repetir 
A não ser ao vento... ao passar.


 Vivi com maior intensidade desde que entraste na minha vida. Reconciliaste-me com a ideia do Bom, do Justo e do Belo, conceitos que o conceito de Deus supõe. Por tudo isto, até pelo sofrimento , irmão, amante, amigo, te estou grat0!

Até ... um dia. Quem sabe?...

                                          ***********

Que posso fazer afinal de tanto amor, no inverno da vida?

Dou-o, em ânsia desmedida, para embalar sonhos não vividos, 

Ao adormecer , minha Mãe, sob o teu olhar...

                                                                                             Maria   Afonso      

                                                                                         


Solilóquio...

De novo te despedes, logo agora em que não estava 

Conformada com a partida.

Tu, minha alma, que mais uma vez me deixas na solidão mais profunda,

No meio de um imenso mar de desgosto

Em  que também sossobrarei, 

Não  tarda,

Porque a dor da perda rasgará de dor a eternidade.

Queres fazê-lo em beleza

Com a ajuda dos sons  de Tchaikovsky,

Com vozes graves e agudas de anjos

Que preludiam inexorável  a ausência.

Tudo tâo soberbamente cruel!...

E, contudo, amei e amo

Até à  loucura.

Palavras? 

De que servirã0 palavras?

Tantas nasceram e nascem em mim,

Impulsionadas pelo gelado ardor de tantas e tão sentidas lágrimas.

Minha alma, não te posso proibir de partires,

Dadas as tuas inquietações, a tua imensa ternura, os teus sonhos,

 Os teus ideais...

Não te peço nada...

Continuo sem te pedir nada.

E não quero ter nada para perdoar:

Nem o silêncio de que me rodeaste

 - Que cedo comecei a transgredir- 

Porque através dele me falavas, mostrando-te.

De uma forma diversa da tua, arranjei formas múltiplas de te falar 

Por me ter jurado que havias de conhecer-me e tornar-te o amigo.

Como fui feliz quando julguei tê-lo consrguido!...

Como criança encantada 

Toda me entreguei!...

Foste, creio que continuarás a ser, um ser maravilhoso 

Permitido por Alguém para me acompanhar nesta vida, 

E me punir de ter rejeitado outros... 

Tudo numa altura em que a procura fora já ultrapassada.

Contigo, porém, chegou a dor e surgiu o amor, que, apesar de breve,

 Valeu em intensidade, compreensão, aceitação mútua.

Dou graças por havê-lo conhecido, apreciado, abençoado,

Com o que de melhor existia e existe em mim ...

Tão pouco era para uma tão maravilhosa dádiva!

Gostei, gosto e gostarei (?) de ter-te gostado.

Redimiste a minha vida em termos de afecto

E as lágrimas  geladas que escorrem pela pele quente das minhas faces 

São inenarrável dor por haver-te conhecido,,,

Pobre de mim! ... julguei ter fugido 

Por nunca ter havido sinceridade abertura, 

Para confessares o quanto te seria necessária, 

E por e para quê...

Medo de errar... Sabes qual.

Sofro.

                                                                                                             Elif  Youroukan

                                                                                                               10/01/2013