Mostrar mensagens com a etiqueta angústia. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta angústia. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

«Nojo»...

Sofro.
Não conhece nome o sofrimento.
«Nojo»... não é a palavra exacta para definir o que sinto.
Serás sempre o único ser a quem um dia disse: amo-te! 
E nunca o reneguei. Lembras? E ainda bem que o disse - 
 - por ser verdade, no momento, e não o ter voltado a repetir 
A não ser ao vento... ao passar.


 Vivi com maior intensidade desde que entraste na minha vida. Reconciliaste-me com a ideia do Bom, do Justo e do Belo, conceitos que o conceito de Deus supõe. Por tudo isto, até pelo sofrimento , irmão, amante, amigo, te estou grat0!

Até ... um dia. Quem sabe?...

                                          ***********

Que posso fazer afinal de tanto amor, no inverno da vida?

Dou-o, em ânsia desmedida, para embalar sonhos não vividos, 

Ao adormecer , minha Mãe, sob o teu olhar...

                                                                                             Maria   Afonso      

                                                                                         


segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

Madrugada (25/11/23)


 Na madrugada fria deste novembro cansado 

~                       de ver tanta convulsão 

                          mortandade ! aflição !

                           uivos frequentes de feroz maldição - 

                         -  sons agónicos de selvagem canção  na escuridão  gelada ... 

                           !... tudo horror -  sangue derramado e podridão...!

                           

                        ! Ó Deus! Tende piedade!...

                        nem de Te invocar e rezar

                        sinto vontade!

                        ou de te chamar irmão!...

                         apenas  auguro inenarrável crueldade  

                         fruto de ganância desamor

                          e ambição de poder

                          neste mundo de maldade dor e solidão !...~

                                                                                                  Elif Y0urokan

sábado, 6 de abril de 2019

Visita da chuva...


  no beiral sombrio a chuva cai...
cai compassada e forte... 
cai  sobre o solo negro e alastra ...
e vai... 
vai arrastada no vento
 num tremor friorento 
que agarra... 
e já não sai... 


estiola as pétalas tenras
 estremecidas
de flores mal floridas... 
esmaga-as com húmido afecto...
lança-lhes esse choro circunspecto
numa bênção tardia ...
humedece folhas...  
rega raízes...
 esconde a luz do sol que cria...
dissolvendo no ar aromas breves... 
mostra matizes 
e
vai levando e lavando 
ao som do silêncio das aves recolhidas
a imensa flor da  humana dor 
em gotas de agonia

M. Silva

        *** Imagens colhidas na net.






segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

mordaça...


ano após ano
redimi sonhos 
sufoquei soluções
tiranizei desejos; 
 para eles não havia
esperança nem voz.

 cravaste depois na minha alma
a flecha do encanto
e tudo mudou...

dum animal em cio 
surgiu uma criança
que volveu menina
e se tornou mulher;
deve ter sido este 
 o importante papel
tão bem desempenhado:
fechar num círculo de palavras
a minha vida de mulher. 

[2013-06-22]


sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

entorpecimento ...


Quando dançou no dia 
em fuga à dor para entorpecer
tornou-a mais pesada 
e sem suporte;
qual borboleta tonta,
-ensandecida pela dúvida atroz do faz-de-conta-
 que alou 
ao tentar eclipsar o sol


ergueu-se  depois  penosamente
e sem mentiras
tentando vislumbrar sorrisos
num horizonte fugidio
onde o fogo brilhou

queimou de novo as asas
 no voo...
... despertou

por fim
pela dança entorpecida
a dor  lá acalmou.

Mais uma história de borboleta que dançou...

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

humidade salgada...


devagar, devagarinho, à flor do teu rosto
 aflui uma humildade salgada
*
dos olhos apagou-se-te o fogo
 da alma a esperança
*
se a bonança foi ilusão
(nunca chegou)
para quê o choro?
*

foste criança maltratada
que nem sempre conheceu
as razões da sua punição
e se revolta ainda ao saber-se injustiçada
sem vislumbrar perdão para a travessura
*
sentir-se injustamente condenada
foi a maior tortura
*
assim correu a vida...
à partida, dizem que o tempo tudo cura
à excepção da mágoa
culpa da injustiça
do egoísmo
ou da desventura


sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

o silêncio

[2009-04-22]

ouço ao longe
 tão longe
um som que enfeitiça...

se o silêncio oprime
mais vale não o pensar
 -a música redime...
  algo nos diz para esperar



não sei que pense ou sinta
nesta algidez infinita
 que me faz sonhar ainda...
 até quando?

este é o soluço contido, infindo
embalado docemente
pelas melodias de Massenet
ou o Adagio de Albinoni...
que tentam embeber a humidade
da face macerada
de uma alma  maltratada...
tão cansada...

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

ao findar novembro...


o sol espreitou, brincou na luz, nas texturas das copas das árvores, nos botões de rosa do jardim
 logo se escondeu depois atrás das nuvens pejadas de água
 a cinza mole do dia espalha-se em redor
molha o silêncio

 as sombras da sala penetram-me,
andam por dentro de mim
e na algidez do dia dum outono quente
 tão cheio ainda de folhas 
  que não tiveram tempo de secar
nem caíram das árvores ou juncarem o chão 
tecendo tapetes de tons queimados,  com ruídos secos, crestados
sou a nitidez que chora

 os dias do outono nunca são unânimes, na forma ou nos conteúdos- 
- as rosas e as outras flores destes dias
lembram mais as duma avançada primavera do que as de um verão macerado
falhou tempo,
falhou doçura
neste corte abrupto entre o fogo do verão e o início das primeiras invernias:
 a um sol abrasador sucederam-se cerce ventos fortes, frio, chuva e neves...

agora, num mesmo dia, há momentos de sol pleno
a alternar com um ambiente de cinza e de chuva mansa,
aquela que ouço afagar-me mansamente as vidraças,
 numa espécie de sussurro ritmado e contínuo

tu, que só foste verdade nos meus braços,
não te afastes
não me deixes
não consigo...
sem ti

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

sem dobre de sinos...


ainda hoje não sei 
porque o sino não dobrou;
e também não sei 
porque caiu e se quebrou


só me sei viúva de compreensão,
órfã de ternura,
sem vislumbrar nessa imensidão 
onde jaz a desventura
o abraço que me acolha

trago o peito macerado
 olhos vagos e cansados
em breve  mais secos 
do que o ar poeirento

 porque foi no instante, 
no preciso instante  
duma inenarrável emoção 
que me quedei, 
não fui capaz...
e nada dei...

Porquê então
este cruel e vão desejo 
de gritar?...

Yvonne, Lx. [13.04.1970]

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Buracos


Abro  e teço buracos 
no tempo da memória...

vejo através...

...que encontro afinal?

...nem ausência 
nem saudade
nem esperança
nem luz.

Apenas um vago e angustiado eu.

terça-feira, 1 de janeiro de 2019

No rescaldo do tempo

Confidenciou à noite escura e fria
As profundas razões do seu temor
Ao ver em si esse anjo que temia
E o arrastou consigo para a dor.

No rescaldo obsessivo de um cansaço,
Sentida a perda, a mente ensandecida, 
Algo surgiu de estranho, como um laço
E que ligou à sua uma outra vida.


Num tempo longo de luto compungido
Tecido por dúvidas vãs  a esbater 
Em estádios de silêncio entristecido,


Se foi espraiando o torpe desengano 
Enleado no lento entardecer,
Laço frágil, mas firme, de ano em ano.

M. Silva

sábado, 1 de dezembro de 2018

Exploração...


                                  

- Sabes?...
... O mundo lá fora
é um lugar cruel.

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Horizonte infindo...


Olhar a extensão do mar até ao horizonte limita-me, angustia-me, tanto ou mais do que um alto muro.Aqui, ainda pode surgir uma fissura...senão real, que se imagina, enquanto o infinito horizonte  me segreda que não posso alcançá-lo, com pés que sinto presos à margem, prisioneira, que sou, desta limitação e sem a mais leve esperança de alcançar a infinitude.
O infinito é frustração perene para o ser que vive à beira do mar. E o marulho das ondas só faz sublinhar, em som sincopado, a impossibilidade física de um homem sequer tocar a linha fictícia desse longínquo horizonte, água/éter azulíneos, cinza, laranja, ou ouro,  que os movimentos astrais lhe emprestam.