no beiral sombrio a chuva cai...
cai compassada e forte...
cai sobre o solo negro e alastra ...
e vai...
vai arrastada no vento
num tremor friorento
que agarra...
e já não sai...
estiola as pétalas tenras
estremecidas
de flores mal floridas...
esmaga-as com húmido afecto...
lança-lhes esse choro circunspecto
numa bênção tardia ...
humedece folhas...
rega raízes...
esconde a luz do sol que cria...
dissolvendo no ar aromas breves...
mostra matizes
e
vai levando e lavando
ao som do silêncio das aves recolhidas
a imensa flor da humana dor
em gotas de agonia
M. Silva
*** Imagens colhidas na net.