devagar, devagarinho, à flor do teu rosto
aflui uma humildade salgada
*
dos olhos apagou-se-te o fogo
da alma a esperança
*
se a bonança foi ilusão
(nunca chegou)
para quê o choro?
foste criança maltratada
que nem sempre conheceu
as razões da sua punição
e se revolta ainda ao saber-se injustiçada
sem vislumbrar perdão para a travessura
*
sentir-se injustamente condenada
foi a maior tortura
*
assim correu a vida...
à partida, dizem que o tempo tudo cura
à excepção da mágoa
culpa da injustiça
do egoísmo
ou da desventura