Mostrar mensagens com a etiqueta zanga. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta zanga. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

humidade salgada...


devagar, devagarinho, à flor do teu rosto
 aflui uma humildade salgada
*
dos olhos apagou-se-te o fogo
 da alma a esperança
*
se a bonança foi ilusão
(nunca chegou)
para quê o choro?
*

foste criança maltratada
que nem sempre conheceu
as razões da sua punição
e se revolta ainda ao saber-se injustiçada
sem vislumbrar perdão para a travessura
*
sentir-se injustamente condenada
foi a maior tortura
*
assim correu a vida...
à partida, dizem que o tempo tudo cura
à excepção da mágoa
culpa da injustiça
do egoísmo
ou da desventura


domingo, 30 de dezembro de 2018

«Rico é o que a alma dá e tem»...



A ciência, a ciência, a ciência...
Ah, como tudo é nulo e vão!
A pobreza da inteligência
Ante a riqueza da emoção!


Aquela mulher que trabalha
Como uma santa em sacrifício,
Com quanto esforço dado ralha!
Contra o pensar, que é o meu vício!

A ciência! Como é pobre e nada!
Rico é o que a alma dá e tem.
[...]

Fernando Pessoa [04.10.1934], in Poesias Coligidas/Inéditos

E TUDO O RESTO È NADA!

domingo, 2 de dezembro de 2018

Zanga sob o sol de verão...


A espigueira lacerou-me as mãos
 pintou-as de vermelho-sangue
que pingou no chão enegrecido...
sôfrega a terra bebeu -o
sob o sol intenso...
vingativa
  enredou-se-me depois nos meus cabelos 

 zanguei-me

com  força inusitada 
repelou-me também a camisola!

 zanguei-me deveras!

- aquela maninha 
aquela preguiçosa
aquela desgraçada
não deu ainda
    uma única flor!...

Novembro//2018