terça-feira, 1 de janeiro de 2019

No rescaldo do tempo

Confidenciou à noite escura e fria
As profundas razões do seu temor
Ao ver em si esse anjo que temia
E o arrastou consigo para a dor.

No rescaldo obsessivo de um cansaço,
Sentida a perda, a mente ensandecida, 
Algo surgiu de estranho, como um laço
E que ligou à sua uma outra vida.


Num tempo longo de luto compungido
Tecido por dúvidas vãs  a esbater 
Em estádios de silêncio entristecido,


Se foi espraiando o torpe desengano 
Enleado no lento entardecer,
Laço frágil, mas firme, de ano em ano.

M. Silva

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