o sol espreitou, brincou na luz, nas texturas das copas das árvores, nos botões de rosa do jardim
logo se escondeu depois atrás das nuvens pejadas de água
a cinza mole do dia espalha-se em redor
molha o silêncio
as sombras da sala penetram-me,
andam por dentro de mim
andam por dentro de mim
e na algidez do dia dum outono quente
tão cheio ainda de folhas
tão cheio ainda de folhas
que não tiveram tempo de secar
nem caíram das árvores ou juncarem o chão
tecendo tapetes de tons queimados, com ruídos secos, crestados
sou a nitidez que chora
sou a nitidez que chora
os dias do outono nunca são unânimes, na forma ou nos conteúdos-
- as rosas e as outras flores destes dias
lembram mais as duma avançada primavera do que as de um verão macerado
falhou tempo,
falhou doçura
neste corte abrupto entre o fogo do verão e o início das primeiras invernias:
falhou doçura
neste corte abrupto entre o fogo do verão e o início das primeiras invernias:
a um sol abrasador sucederam-se cerce ventos fortes, frio, chuva e neves...
agora, num mesmo dia, há momentos de sol pleno
a alternar com um ambiente de cinza e de chuva mansa,
aquela que ouço afagar-me mansamente as vidraças,
a alternar com um ambiente de cinza e de chuva mansa,
aquela que ouço afagar-me mansamente as vidraças,
numa espécie de sussurro ritmado e contínuo
tu, que só foste verdade nos meus braços,
não te afastes
não me deixes
não consigo...
sem ti
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