Um dia hei-de anoitecer sob o céu jazente*
e nada de mim ficará para contar : *
o que fui, o que amei, o que quis ser *
ou tudo aquilo que me recusei a amar.**
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Não será um dia triste nem alegre - *
- apenas mais um dia dum rosário longo, inteiro,*
de afectos e desafectos, traições e muita dor,*
tudo ora abafado num manto escuro e derradeiro.**
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O rio não espelhará o azul dum céu de primavera *
nem reflectirá a folhagem natural que tanto amei *
ou os braços coleantes dos muitos ramos de hera *
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que me lembravam sempre os que tinham já partido;*
e numa paz de agonia e silêncio, sei que partirei,*
arrastando comigo meu pobre coração encanecido. **
Maria Silva
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