Não sou já flor de primavera
tão pouco papoula que dança ao vento de verão
ou baga sangrando, fruto da canícula...
Não, nada disso já sou.
O que ainda sou...já não sei bem.
Mas sei que metade de mim 
de há longo tempo para cá 
se habituou a existir 
porque existes 
e a vida é mais leve
porque sei que estás aí...
nunca soube bem onde:
nas agruras do tempo
no ocaso de mim
ou talvez, enfim,
na poluição das vozes
ou na confusão do silêncio.
E eu...
mesmo que o não pareça
apesar de tudo que aconteça
estou e estarei
aqui.


