segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Pasmado coração...


Mais um ano;
mais um  mês;
uma nova semana;
 um outro dia 
 me são concedidos
no meu percurso humano.
A cada hora,
 a cada decisão,
  escrevo a história desse percurso:
  tem o peso do passado
e as limitações de uma personalidade magoada
pelas dores do corpo e do espírito.

Coisas e pessoas estão à minha volta:
rostos amigos e mãos desconhecidas
chegam até mim.
Pedir-me-ão um sorriso,
talvez ajuda,
um pouco do meu tempo,
um retalho breve da minha vida.

E a vida - o que é?
Que representa para eles, para mim?...
...Se há nela tanta dor,
tanto mistério?...

Preciso afugentar angústias
e abrir os olhos pasmados
como menino que olha 
o imenso mar rolando sobre a areia
se brinca na praia...
 Dele receia, 
mas aprende a conhecer
 o amor que o rodeia 
se as mãos que o prendem 
são suaves, leais e formosas
quando seguem seus passos ligeiros
 ainda vacilantes,
 com ternura ansiosa.
O menino  guardará delas então
a mais bela imagem,
o mais belo perfume,
nos escaninhos secretos
do seu virgem coração.

Um menino pasmado...
era assim meu coração.

[Algures... - 2006]