quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Caminhar no tempo...


perdidos bússola e relógio 
pelo caminho de terra 
sangrenta ou amarelada  
que prendeu  pedras de calçada
batidas por passos anónimos
de inconscientes  pés
 que a pisaram...
restou  cheiro e sede
na poeira dos dias
e leves mágoas guardadas
chorando em surdina...
 e amadas

não há perdoar ou perdoada:
 perdida a bússola na calçada 
 só esquecer que houve sol no leito do rio
de uma única margem
onde soluços secos
foram destino
macerado pela vida.

                                                                                                                                                                                          [06.08.0139]

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Fragmentos...


ouvi palavras, li fragmentos...

 desde o início 
só sabia dar-me à luz 
e toda inteira

 constato apenas - não é acusação

folhas de outono esparsas pelo chão
nem sequer são vida derradeira





terça-feira, 17 de setembro de 2013

Imensidão...



O mar imenso não consente as folhas crestadas pelo sol de verão  
que falem de outono e de sonhos escondidos.

As marés não retêm vida apodrecida, nem a secura crestada de fogos antigos
 nas nervuras outrora eivadas de seiva.

O mar não consente memórias  de espumas rendadas 
que destrói sobre as areias alvacentas.

 E não escuta: sussurra ou brame violento.

Apenas guarda um sabor a sal de lágrimas vertidas.

Apenas.

[13.09.013] 

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Apontamento...


apontamentos de vida
ritos inocentes de criança
sonhos de menina
anseios de mulher...

anotações de um amor
que ninguém quer

[14.09.013]

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Esse ladrão...


O tempo, esse ladrão
a quem abriste a porta,
e foi por ti convidado a almoçar,
que se refugiou no olvido
e se afastou em vão... 
sempre reticente em te acompanhar
não gostou de ser esquecido
e prolongou-se em desejos pelo ar...

[18.11.012]

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Espinhos da tarde...


Há nuvens de dramas escondidos
Soluços abafados em agonias lentas
Escorrer manso de passadas mágoas
Agora sem significado, já isentas
De amargura ou mistério
Macilentas

Espinhos de vida em melodia
Florescendo na tarde enevoada

E se anoitece mais cedo?
Que acontece?
A agonia da tarde desmerece
Da chuva benéfica que me invade...

Escuto o silêncio pesado de amargura
Por mal saber da desventura
E como lidar com ela a cada dia...