corres dentro de mim
ora em regato borbulhante de água pura
ora como veneno de dúvidas e segredos
e se
em tempos de prosa - razão
a dor existe mais aguda
e é mais cruel ainda
ouve-se um choro silencioso de lágrimas
frias
sentidas
ou de um pranto sem lágrimas
de si esquecidas
humidade seca
que escorre de paredes exangues
de angústia e silêncio
fantasmas alvacentos do passado
convivem com o hoje e agigantam-se
resultado de densos véus
que as minhas mãos foram tecendo
e perdendo
ao longo dum tempo calado e frio
contra um fundo vagamente musical
de silêncio e solidão.
Manuel Maria