quarta-feira, 11 de julho de 2012

Folha exangue ...


Estás... não estando
E dei-me ao amor...sempre

Revi-me naquela folha imersa...
porém em sangue...
fogo oculto... ainda.

não era eu...era a imagem de mim
a apodrecer exangue
num leito de limos musguentos
onde fora feliz ...só não sabia

- que fora feliz ...um dia.

15.05.2011

domingo, 8 de julho de 2012

Crescer perfeitamente...


Crescer sob a luz de um amor sem vida
 quase sem olor
foi a triste realidade de alguém triste
Para aquém da cor e forma
 faltou-lhe alma
e arrastou consigo, incerta e calma, 
a dolorosa dor...

02-10.04.2009

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Pára, escuta e vê...


Escuta...  vê o teu coração
onde cai todo e qualquer beijo
 de carinho 
sempre enviado a pensar em ti

Sem ti não há gota de água
ou soluço de fogo
nos meus olhos cegos
e a minha alma não ouve a música do anoitecer
nem sente desejo quando amanhece o dia
ou êxtase plasmado em paixão sentida
transformando a vida em sopro ardente
em meio à placidez das coisas costumadas

03.07.2011





sexta-feira, 29 de junho de 2012

"Rejas"...


ó vento, chamaste-me e eu não fui contigo 
e como gostava de ter ido
 presa que fiquei ao som da voz do meu amor 
porque temia que se sentisse sozinho
como eu sempre fui

leva-me então  lá para onde fores
apoiada nas tuas asas de condor
para avistar do alto a luz do meu amor
sem a qual não consigo viver
cuja presença desejo
em todo e qualquer resplendor
do sol quando doira a madrugada
a quem sonho abraçar, beijar, acariciar
fundir-me com ele num sopro de flor

leva-me no dorso de uma nuvem  até o meu amor
que não quero que se sinta tão sozinho
mesmo que a seu lado chore sempre baixinho
para lavar-lhe as dores do anoitecer

Fev.2011

sábado, 23 de junho de 2012

Frieza...


Quantas vezes sinceridade se confunde com frieza
Quantas vezes o coração inquieto se habitua
à saudade e à falta de calor
Quantas vezes é quase crueldade
o ignorar da calma verdade
de um gesto de amor

O sol dá vida e doira as folhas no outono
  e chamusca as rosas que ama
e o procuram
 na insensatez das coisas cobiçadas 
mais que amadas...


É a beleza estival de fulgência ardente
que derrama sobre a planície densa e quente
o leve resquício da paz universal.


terça-feira, 15 de maio de 2012

Não sabes...


Tu não sabes, porque eu não te disse,
que te espero sempre
Que atravesses a ponte para me encontrar
aqui, do lado de cá do tempo,
do lado de cá do mar
Que combatas a minha progressiva vontade
 de me ensimesmar
e a minha proverbial fraqueza de ser tímido
e cheio de vergonhas
mas nunca por te amar
Tento às cegas respeitar o teu sentir
e quantas vezes me feriu o teu riso fácil
ou a tua habitual mordacidade
que tanto se inspira na realidade
E também sei que te quero
num todo indecifrável e de contorno eterno
e por isso sempre te espero na volta do caminho
nem que seja para te sorrir com carinho
nem que seja só p'ra te dizer: olá!
 Em mim são mera aparência frieza ou lassidão
 porque se tenho um sonho
será  o de voltar a encontrar-te algures
...numa longínqua imensidão.
Já fui de arroubos e ansiedades 
mimos,  e infantil exaltação...
Ao contacto com essa tua fria razão
 tudo isso mataste em mim,
tudo deitaste ao chão...
Hoje sou quase cadáver... na emoção.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Força crepuscular...


Na madrugada vagamente fria
a força do vento tem a força do mar
de marés vivas de escarpadas ondas
anteontem enoveladas ao luar...
Cordas de vento batem na vidraça
e eu sinto-me vazia e sem fervor
e calo mansamente os meus sentidos
ao ouvir  das rajadas o estertor...
Limpo-os da dor, da espera, da aflição,
evitando tão só lamentos e gemidos
decerto sepultados entre o rumor
 indiferente, que é, à silenciosa dor
que castiga sem trégua os mal-nascidos.

15.05.2011