terça-feira, 13 de março de 2012

Metáforas...


Ninguém conhece ninguém...
Não, a vida nunca é tecida
 por metáforas
mas por mesquinhas realidades
que afligem o quotidiano
como a dor física que incomoda
e de que nem se sonha a causa
ou a chuva que molha o cabelo
a roupa que não enxuga
a viagem que se não fez
e a culpa aos acasos
ou o não ter a certeza
que alguém realmente nos espera
do outro lado da mesa...
Não. A a vida ri-se das metáforas
e do amor em versos inspirados pela lua
e nega mensagens que apelam ao sonho...
Amar alguém é um sonho
e ser amado um milagre.
Até a noção de felicidade
é feita de coisitas simples
como cuidar, abraçar, beijar,
preocupar-se com a saúde,
deitar, comer...viver,quebrar rotinas 
inventar surpresas...
Nunca se pensou que metáfora
fosse moeda de troca
ou gozasse de especial validade...
Tanta gente se amou realmente
sem nunca precisar fazer um verso...
ou sequer receber de presente
uma simples flor!...

20.01.2011

domingo, 11 de março de 2012

União...


Uno-me a ti no tempo e na distância
e sei que o sentes
E nunca choro se recordo os momentos
em que te amei inteira 
lamentando os que passei longe de ti
perguntando-me porque não me querias
e porque te fora assim indiferente
Então chorava com pena de mim
e sentia revolta pela atracção terna
que por ti sentira
e que despertara sem querer
ao simples som da tua voz alegre
Honesta directa não o escondi
e sei que não me acreditaste então

Duvidei tanto de mim tanto
cultuando-te enquanto ser humano
tudo por instinto
sem perceber porquê...
E como sofria
na humildade de me saber sem préstimo

Então procurei-te a alma inquieta
e perscrutei o silêncio e a solidão
das noites insones
e das madrugadas frias

Num dia que nasceu radioso e terno
senti que algo nascera para mim...


Para quê esconder?

04.02.12

sábado, 10 de março de 2012

Ao cair da noite...


Descido o estore sobre o dealbar da noite
fechou ao olhar o cinza-azul do céu
sem determinação, apenas porque tinha que ser
e sem a crueza dos que fecham ciclos
porque não sabia fechar ciclos
nem queria
 era o devir que devia encarregar-se deles
 esperava que acontecessem
 para não ferir demais a vida

Não evitava as lágrimas frias
nem tão pouco o sofrimento

No escuro, tocou com os olhos
a doçura dessa cor azulmente vítrea e fria...
e lembrou-o mais ainda

quinta-feira, 8 de março de 2012

Afastamento...


Afasto-me
na distância de mim
na minha busca
onde a história dos dias
parou...
por inventada.

09.o2.2011

quarta-feira, 7 de março de 2012

Fui...parti...


Fui...
Morria gente só todos os dias
e eu temia a tua solidão.
E esse medo falou mais alto que tudo
e decidido o impensável noutra altura:
projectar a minha sem ventura
cuidando de alguém que me importava.
Reuni coragem com receios
e parti para te encontrar.
Porém, só vi portas cerradas
onde o sol batia a escâncaras
e senti frio, muito frio...
porque eu não queria nada
não esperava nada
- se quis sempre tão pouco !...-
Sabia que de mim nunca precisaras
se me desejavas, logo me excluías,
e vertias sensações
 e emoções reinventadas
criando do nada muitas e belas páginas
numa labuta sem nome, numa canseira,
numa estrénue ânsia de viver
e deixar traços...

Só a crueldade doeu.

22.04.11


segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Cansativamente...


Foste luz sol calor
na minha vida
Foste doçura encanto
também silêncio e pranto...
ao esmagar a ternura
que prevaleceu
e fez manar água dos meus olhos
a engrossar o mar da solidão
Vagas clamorosas de revolta
 como relâmpagos
 estrebucham ainda pelo chão
Conheci o céu e o inferno
carente dos teus braços
tornados depois vagos cansaços
de suprema lassidão

Como mais uma rosa vermelha
ostentaste-me na botoeira
daquele casaco coçado que não usas

Foste um espinho cravado em minha carne
derramando sangue e dor pela noite inteira

Se ternura e encanto andam a par
são aliadas da confiança verdadeira
e fundem-se como ouro de lei no fogo da fogueira
como tesouros roubados à fúria  justiceira
 que o desgosto fez rei

Não te admires pois do que inconsciente cultivaste
fosse por doença, cálculo ou interesse vão
ao cumplicentemente teres roubado a ilusão
e a teres plantado indefesa num pobre coração
rendido e apaixonado
que apenas quis o que então negaste
embora te orgulheasses de ser campeão...
 amizade.

A ela me propus ao dar o peito às balas
a a ela faltaste com o dever da lealdade
escamoteando a verdade
...Fingi não perceber
ostentando uma reacção longínqua e fria
nesse mar repleto de máscaras e perfis
que percebi manobravas como um jogo de xadrez...
E tudo isso afinal - confesso:
só mal me fez.
E a ti...não aproveitou.
Num jogo mesquinho
que por fim cansou.

10.06.2011

domingo, 29 de janeiro de 2012

Ao passar do momento


Hoje
um sol de inverno
luminoso e gélido
penetrou radiante
no sarcófago rosado
do aposento em que repouso
e às vezes sonho

Fora
um vento agreste tremula
as folhas duras 
do azevinho esmaltado
de pingentes rubros
onde pingos de alegria moram

Bom dia! 
apetece gritar-te
e enviar um beijo doce e quente
na ponta dos dedos alongados

Uma mancha indelével de ternura
permanece presa nos meus lábios cerrados
carícia alada e dolente
gelada da ventura
de momentos passados