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segunda-feira, 16 de março de 2015

Promessa (s)...



Decerto, amanhã, venha a falar contigo
Nesse desespero mudo de silêncios (es)forçados 
Em que ficam sempre a pairar verdades por dizer
Ou mentiras consentidas pelo tempo - anos estagnados
Como nenúfares boiando num lago parado, por contido.

Amanhã... trarei emoções de horas de saudade
Liquefeitas pelas chuvas de invernos rigorosos
Vividos ~ ou só vividos pela metade
Nesse pulsar de sensações nunca esquecido
Vagamente temperado pelo encanto do sonho
De um outrora não perecido
Nem pela dor, nem pelo desengano...

Virei amor... virei
Cambaleando por sobre  as folhas mortas
Que o último outono não pôde macerar,
Por não caídas,
E o inverno regelou, nem apodrecidas.

Voltarei - hei-de voltar.
Só ... que ainda não sei quando...
Tão difícil se tornou o confiar.


segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Clepsidra tombada


Tombou a clepsidra... Silenciou a dor.
 O encanto de viver estagnou sem pranto.
Primitivos, alheios de si, tombam desejos
Que já nem o vento faz ecoar nas frias noites
  Em que vomita horror.

Tombou a clepsidra... sem tombar a dor
Ciciando segredos de doçuras de amor
Nas rugas de um manto gelado de espanto 
No leito vazio da noite do encanto...
E a tarde despede os silêncios
De fins de dia dobrados a rigor
Em brancos lençóis  de linho
Rescendentes a alfazema e alvor...

Jaz aí a clepsidra tombada... Só resta o nada 
Dos dias esfarelados na monotonia:
Eventos com chuva e sol e neblinas
E lembranças... 
Asas de boninas 
A espairecer na fímbria do não ser.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Reconhecer a Dor...


Deparo-me com a Dor 
No dia ou na noite 
Se silencia o grito...
E só faço sofrer
Por não poder embalá-la
Nos meus braços inúteis;
 Com mãos enfraquecidas
Acariciá-la;
E amá-la mais e mais
Por senti-la em mim.

Sempre a reconheço 
P'la multiplicidade de expressões 
Desgarradas ou estranhas
Em vidas torturadas...
Fica  a sofrer ou a chorar 
Dentro de mim
Sem conhecer descanso...
E só  a noite a embala
No tépido remanso
De um doce rocio de luar.





domingo, 2 de novembro de 2014

Lentos, imensos, suaves...


Agosto/2014
lentos, imensos, suaves,
vou vestindo no sonho
- de sonho - 
momentos de carícia
roubados pelo tempo
a dores breves de tormento
com o calor e a intensidade
de um bem maior
dourado a saudade

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Onde? Quando? Como?...


Nunca sei onde estás. Nunca soube.
 Ou com quem.
Conheço-te um pouca a alma
E pouco mais.
Pouco sei ou soube sempre de ti.
Contudo amei-te até ao exagero
 Como o sonho que sempre se adia
Por se saber irreal.
Anos decorreram...
 De menina apaixonada passei
A mulher amargurada e reticente.
Sem me importar?...Não, sofrendo.
Contudo a tua presença em mim
Resistiu e resiste segura.
Os dias correram, sucedem-se 
E nada apaga a ternura...
Assim sendo, 
Não sei que poderás querer mais de mim,
teimosa criatura!

Rosa Xavier


domingo, 6 de julho de 2014

Metamorfose...


mal saída do casulo
 a borboleta dança de alegria
num hino à vida, 
num hino ao amor
de que em breve fará o luto.

não lembrada que rastejou, engordou, conheceu o escuro
metamorfoseada em beleza, em leveza,
 libera agora as asas macias no prazer do sol
no desejo de dar vida e cor a novas flores e amores.
e nesse céu brilhante e azul 
onde as escassas e algodoadas nuvens
  não aprenderam a chorar desilusões
e apenas são promessa remota de frescura
e doçura,
a borboleta volátil e tonta
agarra o momento
saciando o prazer enamorado
de sugar o néctar da mais bela flor.

o amanhã? não existe.
filosofar, pensar, pesar, angustiar...
é um fado triste
que não lhe adianta cantar.

domingo, 1 de junho de 2014

Ternura...


Criança...te amo!
Daqui te envio gesto-beijo de ternura
melodia anónima que rescende da terra
sob o sol criador...
Contínua  dádiva de vida
 simples oferta comovida
da natureza-mãe da criatura.


Porém...gosto muito
 também
 de malmequeres!

terça-feira, 15 de abril de 2014

Nocturno momento...


Naquela noite...
dum dezembro álgido
e vento cortante,
 alguém falou
falsamente denunciou
chalaceou...
chicoteou...

Naquela noite,
o ódio entranhado da máfia
 atacou
         enlameou...

Fez-se silêncio.

Foi também naquela noite,
que alguém te virou as costas...
e chorou.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Águas que correm...


corres dentro de mim 
ora em regato borbulhante de água pura
ora como veneno de dúvidas e segredos
e se 
em tempos de prosa - razão
a dor existe mais aguda
e é mais cruel ainda
ouve-se um choro silencioso de lágrimas
frias
 sentidas
ou de um pranto sem lágrimas
 de si esquecidas
 humidade  seca
que escorre de paredes exangues
de angústia e silêncio

fantasmas alvacentos do passado 
convivem com o hoje e agigantam-se
 resultado de densos véus 
que as minhas mãos foram tecendo
e perdendo
ao longo dum tempo calado e frio
contra um fundo vagamente musical
de silêncio e solidão. 

Manuel Maria

quarta-feira, 26 de março de 2014

Voz do vento...


Havia vento...
O ar embalsamado das fragâncias do alecrim
trazia em tropel recordações de formas,
 de sons... de iridicências
na voz louca e primaveril do vento forte,
 na brevidade morna da tarde que caía ...
no sol de ocaso que ainda abraçava o dia
ou na chuva da véspera que molhara o chão,
ou na macieza do leito
 em que descansara os ossos macerados da labuta do dia.
Era aí que caía nos meus braços a reconhecida ternura 
que ficara comigo.
E aí perdura.
***
Aqui vacilo... nunca sei o que fazer.
Diz-me, se sabes: 
- Que fazer de tanto amor-ternura
congelado pelo tempo em recordações?

Myrna

quarta-feira, 19 de março de 2014

Apenas...não sabia...


Dormia.
Esquecida do mundo, de mim...
dormia.

Havia sol e vida e primavera
 - e não sabia.

Desaprendera de saber.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Colando cacos...


Numa nesga de azul
colei os muitos cacos
 de passadas lembranças
e havia um sol curioso
e finalmente radioso
que espreitava da janela.

Fora
na líquida claridade do dia
 vida acontecia.

Colar cacos
é reinventar agonia.

domingo, 2 de março de 2014

Fazer coisas...


Para esquecer a vida
fiz coisas:
acariciei com mãos vazias 
de interesses mesquinhos
 flores, frutos, palpei dores
até aprender a ver no outro
o inimigo pronto ao ataque pelo prazer de atacar.
Assim perdida foi a inocência...
Fazer coisas nem foi tanto esquecer de viver
ou da vida não lembrar:
só foi esquecer de chorar.

Mara

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Chuva...


Cai grossa a chuva 
ora lenta 
ora  veloz 
com os açoites do vento.

Fraca  é a força de elevar o pensamento
 e o fazer voar...
Jaz agarrado à terra
 com as pétalas da rosa
que floriu sem primavera ...

Há um coração cheio de ruídos-
-retalhos chãos que aproveito 
e me levam a pensar
assustadoramente
numa manta rota de dias por passar.

E nos ouvidos endurecidos pela angústia
sinto o som rouco da chuva a vibrar.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Bola de sabão...


Eram momentos de sonho que reflectiam coisas
e uma nesga de céu
Era só uma nesga de azul
confundida com água
numa mistura de sabão

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Fechar portas...


[01.03.13]
Fechar a porta à tristeza
não quer dizer que se saiba
como abri-la para a alegria.
Nem significa fechar ciclos
ou prolongar momentos.
Apenas diz que houve sofrimentos
 a desistir de serem vãos.

Anaïs 

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Alarme


Não a sentia perto
e o alarme soava...
Como estaria?
Que acontecera?
...Talvez doente?
Oh Deus! Ajudai-a, te peço!
Uma ansiedade desconhecida o tomava.
Sofria. Quase chorava.
Fazia sol ou chuva... que importava?
E o seu pobre coração só sossegava
se a sentia regressar
qual alma errando, irmanada
no sangue que abundante fluíra ..
no castigo de dar guarida 
a incontroladas sensações...
Fora arrastado?...
Falava nele a natureza de fauno insaciável 
sem admitir razões...
Sangraria.
Tão difícil era segurar emoções...

Pelaio Couceiro  - XVII:X

sábado, 18 de janeiro de 2014

Esperando...


alexander averin

[ 17.07.013]

Se tanto esperei
E não voltaste
Nem na sombra do vento..
Ou em tempestades de emoção...
Tanto te esperei...
Mas foi sonho
E foi vão.


quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Apenas ser...


[21.11.2013]
Sou como sou... mais por opção
que consequência
Sei o que sinto
Sinto o que faço
Tenho sonhos vagos
feitos de fumo ou ilusão
Nada espero
Pouco ofereço
Pouco valho

Vou vivendo um dia após o outro
dando vida a coisas 
a que empresto sentimentos
pensando outras
falando de nada
pouco...e mal

Porém, sentindo sempre e muito
ao observar  a maravilha e o desencanto
dum mundo que se abisma
em renovação estranha 
que me passa ao lado
e onde nem desejo colaborar
 Derradeiro grito
antes de um acto extremo
perpetrado algures...

... ao sol-pôr.



domingo, 15 de dezembro de 2013

Acordar cedo...


[2013.12.10]
Acordo para mais um dia 
de mais um mês,
 de mais um ano
Corro cortinas
abro janelas
perscruto o sol da manhã
Faço coisas  penso outras
sinto outras ainda
e o cansaço vem e instala-se
nos meus músculos doridos
já tão cansados da labuta inglória
Depois fecho janelas para a noite
ao correr cortinas de silêncio e pesar
olhando o amplo  céu 
onde agora brilha uma falsa estrela
que me encanta por vezes
outras me leva a estremecer de frio ou medo 
Tento ignorar ânsias, cuidados,
até, se possível, a própria dor
Se acordo na noite ou na madrugada
vou contemplar a geada sobre a terra gelada
Se posso, trabalho sob o sol cálido
 de um outono seco e luminoso 
tecendo recordações de sonhos
  no tricot dos dias
Em soluços contidos
ainda vislumbro os poucos 
mas intensos momentos de amor
Acordo porque tem de ser
E retorna o cansaço de mais um dia
que me fecha os olhos
para acordar de novo
para um outro retalho de tempo...
sem preencher o vazio
apenas procurando 
 nunca esmorecer.