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sexta-feira, 8 de março de 2019

Canção do desencontro...



[2009.01.29]
Quem sabe, amor? 
Talvez um dia venhas  
quando já não te quiser
e apenas te souber dizer:
- agora, não.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

sobreviver

[2013.05.12]
que comigo ninguém se preocupe: 
sobrevivo.
melancólica
ansiosa
mas sempre fui sobrevivendo.

interessada no quotidiano
olhando a vida com olhos abertos
e coração afoito 
num mundo ilusório e torturado
onde nunca me consegui encaixar em lado algum;
um alguém que também cedo aprendeu a respeitar a morte. 
 e combates sobre combates
se foram sucedendo
mas não os teus.

consciente gosto de ajudar;
- ajudar é um acto de amor empenhado
 para dar a ideia ilusória
dum pequeno triunfo sobre a vida;
e sei que nunca vou aprender a dizer 
 não.


mordaça...


ano após ano
redimi sonhos 
sufoquei soluções
tiranizei desejos; 
 para eles não havia
esperança nem voz.

 cravaste depois na minha alma
a flecha do encanto
e tudo mudou...

dum animal em cio 
surgiu uma criança
que volveu menina
e se tornou mulher;
deve ter sido este 
 o importante papel
tão bem desempenhado:
fechar num círculo de palavras
a minha vida de mulher. 

[2013-06-22]


ao cair da névoa...


depois de descer a névoa sobre a ausência
terrível foi a sensação do desamparo
 razão de funda dor desgarrada
liquefeita sobre o chão marmóreo
da pele emurchecida
em gotículas geladas
à luz iridescentes
fluindo
sem consolo e sem destino
num sufoco de aflicção
interminável
contínuo

com indiferente incompreensão
pode pedir-se perdão...
 ficar-se legitimado....

perdoa sempre quem ama.
mas aí...
só se sabe que se  sofreu
e  se chorou em vão.

[22.06.2013]

domingo, 3 de fevereiro de 2019

hipótese de ajuda?


não saberei chorar a partida
 ao longo de todo um ano
em que te ausentaste
 e tanto sofri....
talvez que o unir-me a ti em pensamento
toda essa energia enviada...
 tenha surgido  da vontade 
de te ajudar.

 conheci  o teu gosto pela fuga
nessa necessidade de - como menino travesso- 
  te esconderes...
 voltarás a fazê-lo;
 porém conheço também
a tua vontade de arreliar de provocar
 escondido nesse longe 
 onde buscas
 a perfeição
 sonhas sonhos
 sentes desejos 
e prossegues
 na contínua busca de tudo 
o que esperaste da vida.

    eu: sinto só o imenso cansaço de chorar;
de amar... não.

 in sophia -[02-07-2013]

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

o silêncio

[2009-04-22]

ouço ao longe
 tão longe
um som que enfeitiça...

se o silêncio oprime
mais vale não o pensar
 -a música redime...
  algo nos diz para esperar



não sei que pense ou sinta
nesta algidez infinita
 que me faz sonhar ainda...
 até quando?

este é o soluço contido, infindo
embalado docemente
pelas melodias de Massenet
ou o Adagio de Albinoni...
que tentam embeber a humidade
da face macerada
de uma alma  maltratada...
tão cansada...

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

sem dobre de sinos...


ainda hoje não sei 
porque o sino não dobrou;
e também não sei 
porque caiu e se quebrou


só me sei viúva de compreensão,
órfã de ternura,
sem vislumbrar nessa imensidão 
onde jaz a desventura
o abraço que me acolha

trago o peito macerado
 olhos vagos e cansados
em breve  mais secos 
do que o ar poeirento

 porque foi no instante, 
no preciso instante  
duma inenarrável emoção 
que me quedei, 
não fui capaz...
e nada dei...

Porquê então
este cruel e vão desejo 
de gritar?...

Yvonne, Lx. [13.04.1970]

sábado, 12 de janeiro de 2019

Farrapos

ontem
 ainda desejei ser pequenina nos braços de alguém...
*
hoje
 choro desiludida o esfarrapar dessa ilusão
*
amanhã 
 calma, indiferente, 
vou olhar a vida de frente
e sem sorrir 
*
e tremente assim vou ficar 
*
desespero?
amor?
ternura?
 tão pouco ódio
que não conheço
*.
só o pranto
 apenas e só
 o pranto...
*
 ao secar
arrastou o desejo vão 
de não mais esperar
*
 tristeza
passou então 
a ser o pão de cada dia 
dum tempo...a esfarrapar.

            Lx. - [13.04.1970]








domingo, 16 de julho de 2017

Praias com e sem gente...


Não sei se ainda há praias desertas
Onde aves selvagens fazem ninhos
Onde céu e mar se confundem ao sol-por
E o mar a marulhar soa mansinho.


 Não sei se há ainda areias brancas
Onde se pisa sem olhar o chão
Na certeza de afundar os nossos passos
Sem o perigo de encontrar poluição.



O que conheço hoje das praias ao calor 
É o enxame de multidões  em confusão
Corpos em chama temendo a combustão
E gritos e cerveja e ralhos em surdina. 



A praia não é já o sítio de eleição 
Onde se esperava que a maré subisse 
Para que corpo e alma em comunhão
Exorcizassem doenças e chatices.



...Sei que o fim da tarde chamava à oração
Quando sol e horizonte se beijavam 
Como amantes separados pelo verão 
E sequiosos um do outro se deitavam.

Guardava-se o silêncio e o respeito
Que a doçura do momento apetecia
E via-se o dia acabar do mesmo jeito
Com que cada um de nós adormecia.

***
Praias não são já locais do encanto 
Onde  paz e simpatia davam mãos 
 Só são ruído e cor que causa espanto 
E nos fazem desejar  ecos mais sãos. 











domingo, 3 de julho de 2016

anoitecendo...


*...quando a noite desce*
*porque o sol *
*de há muito se afundou no horizonte intenso*
*fico suspensa  num tremular de brisa*...
*e o meu sonho adiado*
*brinca pelo ar co' as aves*
*naquela ânsia infinda de poder tocar-te...*

*...e perco-me então*
* na doce magia do encanto de ti.*


                                                                                                                         (between Spt.- Nov./2012)

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Rosa de vida...


A rosa da vida incendiou tão de repente 
que o ar vibrou como sarça ardente...

Violou o silêncio  ... e o momento passou.


                                                            [2009.06.05] 

domingo, 9 de março de 2014

Desesperança...


                                                                                                [ 16.06.89, pelas 11:45 ]
«Vindo a caminho da escola, senti , num frémito repentino, que os jovens me pegaram a sua doença espiritual: a falta de esperança.
Não  a sentem e é a razão pela qual vivem apenas o momento que passa querendo agarrar o instante. Eu limito-me, desesperançada, a deixá-lo passar.
Porém é esta doença profunda que me rói como um velho cancro.
Fazer obra? Para quê?
Projectar um futuro? Que futuro?
É a voz do desespero a falar.
Perdi as minhas muitas certezas.
Hoje ... não tenho certeza de nada.
Einstein e a sua teoria do relativo revolucionou o modo de pensar o mundo, mas penso que o tornou bem mais infeliz...
...Que raio de vida!»

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Pasmado coração...


Mais um ano;
mais um  mês;
uma nova semana;
 um outro dia 
 me são concedidos
no meu percurso humano.
A cada hora,
 a cada decisão,
  escrevo a história desse percurso:
  tem o peso do passado
e as limitações de uma personalidade magoada
pelas dores do corpo e do espírito.

Coisas e pessoas estão à minha volta:
rostos amigos e mãos desconhecidas
chegam até mim.
Pedir-me-ão um sorriso,
talvez ajuda,
um pouco do meu tempo,
um retalho breve da minha vida.

E a vida - o que é?
Que representa para eles, para mim?...
...Se há nela tanta dor,
tanto mistério?...

Preciso afugentar angústias
e abrir os olhos pasmados
como menino que olha 
o imenso mar rolando sobre a areia
se brinca na praia...
 Dele receia, 
mas aprende a conhecer
 o amor que o rodeia 
se as mãos que o prendem 
são suaves, leais e formosas
quando seguem seus passos ligeiros
 ainda vacilantes,
 com ternura ansiosa.
O menino  guardará delas então
a mais bela imagem,
o mais belo perfume,
nos escaninhos secretos
do seu virgem coração.

Um menino pasmado...
era assim meu coração.

[Algures... - 2006]







terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Flor de amendoeira...


Houve tempo em que me queixei da vida...
por mal saber que havia flores.


Como amendoeira que floresce com os primeiros calores do ano que mal nasceu ,
um sopro de confiança faz com que floresçam de novo os desertos do coração.
Alentado por este sopro...  desejará aliviar a dor e as duras provas sofridas.
Mas serão precisas abelhas... 

[II.00.VI]


quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Céu muito azul...


1958.VI.16   
"Quando o céu está muito azul
Eu procuro tudo.
Encho o infinito de infinitos desejos.
Depois... 
...choro o desfazer de mais uma ilusão."

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Elevando asas...


1958.VI.16

 Eleva-te, minha alma, sempre p´rás alturas!...

"[...] Era o eterno paradoxo que se revela sempre na existência dos pensadores - o constante anseio de calma em plena tempestade, o eterno desejo de vendavais no oásis da quietude." - Stefan Zweig

domingo, 29 de dezembro de 2013

Incerteza...


Porquê esta apatia, esta incerteza
Latente na Ilusão esfarrapada?...
Porquê este viver de condenada
Que não rompe grilhões da natureza?...

Porque não há momentos, nem beleza,
Vestindo a dor da alma magoada?
Porquê  lançada na finita estrada
Se a cada passo urge a incerteza?

Agora se me perguntas o porquê
Pensa um momento - descobre, vê:
Não sou ainda ruínas, nem escombros.

Nem sempre riu a boca da menina
E embora doce rosa matutina
Pesou-lhe já a vida sobre os ombros.

 Helen May, [Maio ,1958]